quarta-feira, janeiro 06, 2010

Peculiar

Desde que me mudei para Lisboa que comecei a adoptar uma posição demasiado derrotista e pessimista. Há momentos assim em que por uma razão ou outra entregamos o jogo e enveredamos num circulo de desmotivação que parece não ter fim. A velha questão do copo meio cheio ou meio vazio, em que apenas pensamos na porção ainda por preencher.
No meu caso, julgo que tal situação se deveu ao facto de ter chegado ao fim da linha, à realização de um objectivo de vida. Tinha deixado muito para trás para finalmente puder chegar à cidade em que sempre quis viver e à licenciatura que há muito ambicionava e, curiosamente, tal não parecia dar-me a satisfação que seria suposto. Olhava em meu redor e nada parecia agradar-me - nem o presente, nem o futuro; apenas um passado que racionalmente havia abandonado em busca de novos horizontes.
Pouco a pouco, comecei a perceber que o que me assustava não era Lisboa nem a Medicina, e muito menos os sorrisos religiosamente guardados na memória. O que realmente me assustava era sentir que dalí em diante já nada haveria de incógnito. Por muito que o futuro me reservasse, sabia que a minha vida aos 40 anos em pouco diferia da que poderia imaginar agora, tanto tempo antes.
Assim, curiosamente deparei-me com traços de mim propria de que nem fazia ideia.
Na verdade, não sou o tipo de pessoa capaz de viver toda uma vida presa à mesma cidade, a exercer durante décadas a fio a mesma profissão, constantemente entre as mesmas caras e os mesmos sorrisos. Sufocam-me a rotina e a vivência de um caminho à partida determinado, sem oferecer desafios de grande magnitude. Fascina-me incrivelmente a imprevisibilidade do amanhã e necessito fervorosamente das sensações de independência e liberdade como nunca havia imaginado.
Não deixa no entanto de ser contraditório que o meu lado mais racional encare tudo isto como reflexo de imaturidade e irresponsabilidade e, talvez até fonte de algumas desilusões futuras...mas desta vez nao quero nem saber.
(P.S. Este 6 de Janeiro é das datas que me marcarão inexoravelmente por toda a minha existência. O porquê não vem ao caso, mas achei que deveria partilhar)

3 comentários:

Joana Filipa disse...

É por isso que ele é o meu actor preferido. Não só pelos excelentes desempenhos mas também porque não segue os típicos conceitos e protege bastante a sua vida privada. Adoro o estilo dele, e devia ser um exemplo para os mais jovens.

Anónimo disse...

Percebo bem o que dizes apesar de o meu caso não ser bem igual...

De qualquer modo, boa sorte com o teu curso e com a tua nova rotina na bela cidade que é Lisboa :)

Beijinho*

Vanessa Oliveira disse...

gostei muito do teu texto e identifico-me um pouco com ele...
so posso dizer: boa sorte e força =)