segunda-feira, fevereiro 12, 2007

A Televisão Portuguesa




"A caixinha que mudou o mundo". É esta a expressão que já todos nos habituámos a ouvir ou a proferir relativamente a esse fenómeno mundial que é a televisão. No entanto, no que ao nosso país diz respeito, de mágico este meio de comunicação social parece já ter muito pouco.
Longe vai o tempo em que os programas infantis exibidos faziam as delícias de miúdos e graúdos, já que, possuindo um elevado cariz lúdico, constituíam um excelente apoio a pais e professores na educação das crianças. Actualmente, assustadoras personagens orientais tomam o lugar outrora ocupado por Mickey, Poupas e outras personagens amistosas, sendo frequentemente aclamadas como heróis dos mais novos.
No entanto, nem só as crianças viram os seus hábitos televisivos serem alterados. Também os habituais espaços informativos, outrora pautados por elevado rigor e transparência, incluem agora algumas notícias de fraca relevância para o cidadão comum. Os próprios pivôs já não resistem a deixar bem clara a sua posição (mesmo que implicitamente) no final de uma ou outra reportagem mais controversa, esquecendo por completo a ética jornalística.
Também dos programas de variedades exibidos semanalmente em horário nobre já só parece restar a memória, e aos concursos de cultura geral também já quase se lhes perdeu o rasto. Hoje em dia parece ser mais rentável e tentador brindar a população com horas e horas de telenovelas, com actores cada vez mais medíocres, e cujos argumentos nada devem à originalidade, intercaladas por reality shows deprimentes.
Ora, o que tem motivado estas alterações no panorama televisivo é a cada vez mais acérrima "Guerra das Audiências", aliada ao desejo da população de encontrar na televisão um meio de distracção que não exija grande esforço intelectual.
Assim, a fim de cativar mais telespectadores que a estação televisiva adversária, os canais tentam satisfazer na plenitude esta exigência, trocando a variedade e originalidade de outros tempos por uma série de inúmeros programas do mesmo género que, apesar de reunirem a maioria das preferências dos telespectadores, nem sempre se pautam pela elevada qualidade.
Ao público mais exigente resta apenas a estação pública, que parece continuar a rumar contra "ventos e marés", sujeitando-se obviamente às consequências.

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